domingo, 30 de março de 2014

▬ Liga da Justiça - Escada Para o Céu ( JLA: Heaven´s Ladder)

Roteiro: Mark Waid
Desenhos: Bryan Hitch

Fantástico. É sem dúvida uma das melhores HQs que tive a oportunidade de ler.

Na trama os primeiros seres do universo, equivalentes a deuses da criação, descobrem que seu ciclo de vida está terminando. E aí fica a questão: para onde vão os deuses quando morrem? Ou melhor: para onde todos nós vamos? Com medo disso eles acabam raptando diversos planetas, incluindo a Terra. O objetivo deles é saber o que cada raça pensa sobre a vida, morte e o que acontece depois. Eles querem ter todas as informações do universo para poderem criar um paraíso para si e assim fazer a sua transição. Só que o nosso planeta corre um grande perigo de sumir do universo.

Então, cabe a Liga da Justiça tentar interceder pela Terra e ao mesmo tempo, tentar entender o que está acontecendo e assim auxiliar os alienígenas em sua busca pelo paraíso. Porque eles não são verdadeiros "vilões", eles só querem achar um caminho seguro para repousar. Logo, a Liga percebe o quão grandioso é o universo e que eles não passam de pequenas partículas que o compõe. Sendo que, muitos dos membros da Liga são considerados como deuses, todos ficam estupefatos quando percebem que são tão pequenos em relação ao que estão vivenciando.
Em meio a isso, nos é mostrado diversos tipos de crença, religião, questões existenciais, tudo de uma maneira simples sem tomar partido de uma ou de outra. Cada membro da Liga tem ponto de vista, assim como cada indivíduo do universo apresentado. Na aventura, os membros da Liga vão passando por vários e vários mundos, e assim conhecendo outras culturas e religiões. E que apesar de tantas diferenças, existem também tantas semelhanças. Mark Waid consegue fazer uma baita reflexão aqui, nós mostrando o quão vasto são as possibilidades, e que há tantas formas e pontos de vista tão diferentes sobre a vida e morte.
É sem dúvida uma das mais grandiosas obras da LJA, onde nos proporciona uma leitura diferenciada e altamente reflexiva. O final da trama fecha com perfeição, pois conseguimos entender o medo dos Alienígenas em ver o seu ciclo chegando ao fim, e que independente do seu tamanho, todos fazemos parte do mesmo universo, todos estamos sob o mesmo céu. E quem melhor do que a Liga da Justiça para mostrar isso, já que em seu time há seres de todos os cantos do universo.

sábado, 29 de março de 2014

▬ Azul é a Cor Mais Quente ( HQ - Le bleu est une couleur chaude )

Roteiro e desenhos: Julie Maroh

Um dos filmes mais comentados no final de 2013 sem dúvida foi Azul é a Cor Mais Quente, e devido a tanta badalação, acabei ficando curioso e fui assistir ao mesmo, e gostei bastante. Logo, fiquei sabendo que se tratava de uma adaptação, e tratei e ir atrás. E então pude notar que o filme e HQ se diferem bastante em vários pontos, mas ambos são incríveis. Bom, vamos ao quadrinho.

A trama gira em torno de Clémentine, uma adolescente que está amadurecendo e procurando um sentido para sua vida. Ela se sente de certa forma deslocada, pois ao fazer as coisas que todas as garotas de sua idade, ela sente como se lhe faltasse algo. Sua vida não passa de cores cinzas e tristes, onde nada demais acontece. Até que ela conhece Emma, uma moça de olhos e cabelos azuis, que mudará para sempre a vida de Clémentine.
Ao olhar essa premissa, logo poderíamos pensar que se trata de uma menina que descobre que gosta de outras meninas e que lutará contra tudo e todos para ser aceita em uma sociedade tão preconceituosa como a nossa. Mas não, o foco da história não é esse. Não é a luta contra o preconceito. E sim sobre amadurecimento, amor e vida.

Os questionamentos de Clémentine são tão sinceros em relação ao mundo que em se vive que fica difícil não entrar na história e acompanhar o desenrolar da mesma. Em diversos momentos ela se pergunta: Por que se sente tão insatisfeita? Por que a vida que os outros levam não serve para ela? O mundo está errado ou o problema é comigo? Quando Emma surge em sua vida, sua vida passa a ganhar cor, mais precisamente a azul. O mundo cinza dela acaba ganhando vida, e a cor azul que em teoria se enquadra como fria, aqui ganha outro significado, pois é a cor que acende a chama da vida de Clémentine.

Por se tratar de amadurecimento, a HQ vai ainda mais além, ela mostra a busca incessante pela felicidade, pelo amor, por um lugar em um mundo tão rotulado e cheio de paradigmas. Diversos são os conceitos abordados, sobre o que é o amor, sobre aceitação, a perda da inocência, como o mundo funciona e como cada pessoa é única.

Os traços da obra são belíssimos e enchem os olhos.  Os diálogos e a condução da história são muito bem feitos e igualmente cadenciado.

Azul é a cor mais quente, é uma HQ muito, mas muito bela mesmo ( o final da HQ é lindo) que consegue encantar e fazer-nos refletir, e acho que o mais importante, é uma história de amor que pode estar acontecendo agora mesmo em qualquer lugar do mundo, de modo que, outras vidas cinzas podem estar ganhando sua cor.

domingo, 23 de março de 2014

▬ Meu Pé de Laranja Lima ( Filme, 2012)

Direção: Marcos Bernstein
Roteiro: Marcos Bernstein e Melanie Dimantas
Elenco: João Guilherme de Ávila, José de Abreu, Caco Ciocler e Emiliano Queiroz

Após reler o livro depois de tantos anos, acabei vendo que fora lançado uma nova adaptação do clássico para as telonas. Na época não pude ir ao cinema, infelizmente. Mas corri atrás do filme, e posso dizer que gostei muito do resultado.

A trama segue a essência do livro, onde temos Zezé, um menino de família pobre, arteiro e sonhador. Acabamos por acompanhar um pouco dos dias dele, onde podemos ver o quanto  a infância dele foi difícil e sofrida.  Em meio a tantas adversidades, como a falta de recursos da família, o pai desempregado, violência doméstica, conflitos de família devido as travessuras que ele apronta, Zezé tinha uma arma da qual ninguém podia tirar dele: sua imaginação.
E por meio desta, ao chegarem a uma nova casa, ele acaba criando uma amizade com um pé de laranja lima, que loga torna-se seu melhor amigo e confidente. E não só isso, ele conseguia dividir a sua imaginação com seu irmão mais novo, onde ambos iam a lugares incríveis, tudo na mente de ambos. A vida de Zezé toma outros rumos quando ele conhece o Portuga, um ricaço da cidade, e ambos acabam criando um laço de amizade muito forte.

O filme é belíssimo, tanto em fotografia, trilha sonora, e atuações. As partes em que Zezé e seu irmão brincam, são memoráveis e cheias de uma ternura natural, que fica quase impossível não se identificar e lembrar da nossa própria infância, onde eramos heróis que salvavam o mundo. Outra cena marcante é quando o Portuga leva Zezé até sua casa e lhe apresenta o seu jardim, vasto e cheio de beleza. Zezé diz que o seu jardim é ainda mais bonito, e pede para o Portuga fechar seus olhos para assim poder ver. E realmente, ele tinha razão.
A adaptação consegue pegar os principais pontos da obra original e dar sua própria identidade, pois nos mostra o quão importante é a infância e o quanto ela tem de ser preservada. Mas também mostra que a vida as vezes prega peças que ninguém espera, e que sonhos e amizades verdadeiras, podem salvar o mundo. Ao término do filme, vemos que Zezé teve que aprender desde cedo que a vida é dura sim, mas que ainda assim podemos sentir alegria e sorrir, como ao sentir o vento no rosto em um passeio de carro com seu melhor amigo, e com aquilo sentir-se vivo.
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